
Certo dia, um avô se deparou com seu neto cabisbaixo. Ao contrário do que era habitual, o menino estava sentado no cantinho do sofá, imóvel e em silêncio.
“O que você está fazendo ai?” – perguntou o velho avô.
O menino balançou os ombros.
“Conte para o vovô?” – insistiu ele agora sentando ao lado do pequenino.
“Eu estou preocupado, vovô.”
O avô sorriu. O garoto era jovem demais para ser atormentado por preocupações.
“O que está preocupando você?”
O menino balançou os ombros novamente.
“Eu gosto muito de brincar, vovô! Eu quero brincar amanhã e depois e depois… Mas, estou com medo de que amanhã chova e se chover não poderei brincar!”
O avô ficou em silêncio por um momento, levantou-se e voltou com um grande papel nas mãos.
“Você gosta de desenhar, não é?”
O menino fez que sim com a cabeça.
“Então, preste atenção: Eu quero que você se sente aqui no chão e faça o desenho de uma grande escada. Mas, para fazer esse desenho, eu quero que você desenhe um degrau de cada vez.”
“Posso começar, vovô?” – disse o garoto que parecia empolgado.
“Não… Ainda não. Para desenhar cada degrau dessa escada, eu quero que você pense no que vai acontecer amanhã. Cada vez que você descobrir algo que acontecerá amanhã, você desenhará um degrau. Quando descobrir tudo o que acontecerá amanhã, eu quero que você pense no dia seguinte e continue desenhando os degraus, até termos uma escada bem grande! Tudo bem?” – explicou o avô de joelhos ao lado do garoto.
O menino concordou.
“Vou ver como sua vovó está e volto mais tarde.”
“Sim, vovô!” – respondeu o garoto com um grande sorriso no rosto.
Enquanto ele desenhava a escada, o avô levou sua esposa para uma volta. A manhã estava extraordinária.
Quando voltou, o avô encontrou o neto debruçado sobre o papel.
“Deixe-me ver a escada.”
O garoto levantou a cabeça.
“Estou cansado, vovô…” – respondeu ele com o rosto um pouco mais aborrecido do que aquele que tinha no começo da conversa pela manhã.
“Mas, você não desenhou nada?”
“Eu tentei, vovô! Mas, mesmo tentando muito, eu não consegui descobrir o que vai acontecer amanhã ou depois ou depois…“
O avô sorriu.
“E por que está cansado?”
“Por que parece que subi uma escada gigante!” – respondeu o garoto.
O avô se sentou no sofá e chamou o neto para perto.
“Ninguém jamais conseguirá desenhar uma escada como essa. Pois, ninguém sabe o que vai acontecer amanhã ou depois ou depois…” – disse ele afagando os cabelos do menino. “Mas, viu como é cansativo pensar nisso tudo?“
O garoto fez que sim com a cabeça.
“Está vendo? Por medo de que chova amanhã, você perdeu essa linda manhã que se passou. A preocupação é assim. Ela nos paralisa, ela nos faz perder o que está acontecendo no momento e ao nosso redor.”
Leo Pessoa
Foto por Pritam Kumar em Pexels.com
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A tal da ansiedade…belo texto!!! Realmente a preocupação nos paralisia, focar no agora é a melhor solução!!
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Obrigado, Gabi! Sim! Precisamos viver o dia. “Não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações.” (Mt 6, 34)
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Muitas vezes gastei energia ‘pré-ocupado’ com coisas que estavam por vir, criando situações que muitas vezes nem aconteceram em minha vida, e estava esquecendo que o único dia que foi me dado, foi o dia de hoje… Hoje procuro viver um ciclo de 24 horas por vez. Obrigado pela partilha! Bela história! Abraços.
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Sim, Lucas!! A preocupação toma nossa energia e nos sentimos como se tivéssemos passado pelo fato, sem passar. Precisamos aprender mesmo a viver o dia, o presente. Um abraço!!
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